The Greatest Duo

02-09-2023

Lady In Red,
 "Precisas apenas de procurar ser o melhor que conseguires e elevar outros para que possam atingir altos patamares na procura de um futuro melhor e mais igualitário. "


O mundo do desporto está recheado de "duplas" de jogadores fantásticos, ao nível de química profissional e do efeito acrescido que essa ligação teve em determinada modalidade. Uma breve pesquisa na internet leva-nos a encontrar inúmeras caras conhecidas (quão conhecidas depende do quão fãs serão da modalidade em questão). Alguns exemplos serão Leo Messi e Luís Suarez no futebol, Michael Jordan e Scottie Pippen no basquetebol, Wayne Gretzky e Mark Messier no hóquei no gelo, Tom Brady e Rob Gronkowski no futebol americano ou Babe Ruth e Lou Gehrig no basebol. Algumas destas parcerias épicas estendiam-se para uma amizade fora do campo, enquanto em outros casos mantinha-se estritamente profissional.

Contudo, qualquer pesquisa que efetue, em contexto desportivo, remete, geralmente, para a vertente masculina. Caso não especifique que procuro visualizar resultados no âmbito de desporto feminino, estes demoram bastante a aparecer. Mesmo assim, tal como tudo na vida, com algum esforço, ou neste caso pesquisa mais direcionada, conseguimos encontrar exemplos igualmente extraordinários no feminino. Na minha opinião pessoal, o que mais me impressionou foi o de Sue Bird e Diana Taurasi.

Duvido que haja muita gente a conhecer estes nomes em Portugal, a não ser os fãs mais dedicados de basquetebol claro.

Taurasi é considerada, por muitos, a melhor jogadora de basquetebol de sempre, tendo recentemente ultrapassando o marco de 10 000 pontos marcados na WBNA (Liga Norte Americana de Basquetebol Feminino). Sue Bird, que se retirou no fim da época passada, aos 41 anos, lidera o ranking da Liga em assistências (tendo ultrapassado a "nossa" Ticha Penicheiro).

A carreira destas duas jogadoras foi um misto de convergência e divergência. Taurasi e Bird conheceram-se na Universidade de Connecticut (UConn), logrando ganhar um título nacional universitário em conjunto. De salientar que Bird, 2 anos mais velha, já tinha ganho outro e Taurasi viria ainda a ganhar mais 2. Ambas foram colegas na seleção dos EUA, onde conquistaram o ouro olímpico por 5 vezes. Bird tem 4 títulos da WBNA e Taurasi, que ainda joga, tem atualmente 3. Ambas ficaram toda a carreira na mesma equipa da WBNA, Phoenix Mercury para Taurasi e Seattle Storm para Bird. Não jogaram juntas na WBNA, mas lograram ganhar vários títulos em conjunto na Rússia, incluindo títulos ao nível europeu.

O conjunto de medalhas e feitos destas jogadoras é demasiado extenso para detalhar em mais pormenor neste pequeno artigo de opinião. No entanto, queria ressalvar o que Taurasi e Bird promovem, dentro e fora do campo. Esta dupla é uma daquelas cuja amizade se prolonga para fora do campo. É daqueles cenários em que dentro do campo não deve haver 2 jogadoras mais competitivas, mas que fora deste a amizade permanece, alicerçada em 20 anos de experiências conjuntas.

Bird e Taurasi são uma das "bandeiras" do desporto feminino nos EUA, chamando atenção para a discrepância salarial gritante entre homens e mulheres. Um atleta da NBA ganha largos milhões anualmente. Uma atleta da WNBA, cujo temporada dura cerca de 4/5 meses (curiosamente fora do ciclo competitivo da NBA), tem, geralmente, necessidade, de jogar no estrangeiro para melhorar o seu vencimento anual (o teto salarial da WNBA encontra-se perto dos 250 mil dólares, enquanto Stephen Curry, por exemplo, ganha mais de 48 milhões). Taurasi e Bird promovem ainda o desporto feminino em programas televisivos – por exemplo, a final de basquetebol universitário teve uma audiência superior no feminino do que no masculino – e não escondem a ambição de ver mais mulheres a assumir posições de "poder" em contexto desportivo. Concordo plenamente com ambas quando mencionam que é preciso haver mulheres com poder económico a apostar no desporto feminino.

Ambas promovem o espírito desportivo de querer ganhar a todo o custo, mas apenas dentro do campo. A forma como falam uma da outra fora do mesmo não deixa dúvidas do respeito que existe entre ambas. A sociedade, e muito particularmente o setor feminino, precisa de exemplos destes, em que seja evidente que não precisas de "atacar" ninguém para ser o melhor. Precisas apenas de procurar ser o melhor que conseguires e elevar outros para que possam atingir altos patamares na procura de um futuro melhor e mais igualitário.


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