Streaming e o desporto
Lady in Red,
"O desporto é cada vez mais uma forma de entretenimento e que tem que continuar a manter-se alinhado com o tipo de conteúdo que as pessoas querem consumir."
O desporto encontrou nas redes sociais e nos serviços de streaming uma fantástica plataforma de divulgação e de geração de lucro. Atualmente muito do dinheiro que se encontra disponível no mercado desportivo advém de contratos publicitários, venda de direitos televisivos ou participação em séries ou documentários focados na temática.
Assumo eu que exista uma dicotomia muito interessante na vida dos atletas hoje em dia. Esta centrar-se-á no equilíbrio entre manter um perfil o mais anónimo possível ou gerar o máximo de dinheiro possível. Isto porque, como referi, as maiores fontes de lucro já não estão associadas, na plenitude, ao jeito para conduzir um carro ou para chutar uma bola, mas sim do quão bem se consegue agir em frente a uma câmara.
Este é o cenário do desporto no século XXI. Aliás, tenho inúmeros amigos meus que começaram a ver Fórmula 1 após seguir afincadamente a série disponível da Netflix. Esta série, que estreou em 2019 e já conta com cerca de 50 episódios, retrata a vida dentro e fora de pista dos pilotos, gestores e donos das equipas. Confesso que nunca vi porque não sou fã acérrima de Fórmula 1, mas pelo que ouço é uma mescla de documentário e reality show que parece chamar imenso a atenção das pessoas. Os comentários que me chegam também se focam mais nas intrigas existentes entre pilotos do que propriamente na qualidade e espetacularidade das corridas. Contudo, é aparentemente um facto indesmentível que a popularidade deste desporto aumentou imenso após o lançamento da série. Segundo o Financial Times, as audiências, a nível mundial, subiram cerca de 50% desde que a série ficou disponível.
De forma similar, a mesma plataforma de streaming tem uma série focada em seguir a vida dos tenistas. Confesso que vi alguns episódios da mesma uma vez que gosto bastante mais de ténis do que de desportos motorizados. Um dos fatores que achei mais interessantes foi o facto de nenhum dos "monstros sagrados" do ténis estar presente na mesma. Isto porque, pelo menos na minha humilde opinião, tanto Federer (entretanto já retirado), como Nadal ou Djokovic não necessitam de "publicidade" extra. O que a indústria do ténis está a tentar fazer é chamar a atenção para a geração subsequente para que os níveis de popularidade se consigam manter elevados após a saída de cena destes tenistas absolutamente extraordinários.
Relativamente a este série focada no ténis, apresenta novamente a mistura entre documentário e reality show. Aborda a vida pessoal dos tenistas, explora relacionamentos dentro do circuito (alguns até já terminados) e analisa o que é necessário para competir ao mais alto nível.
No geral, ao ver a reação do público, percebe-se que o desporto é cada vez mais uma forma de entretenimento e que caso queira continuar a sobreviver no mundo atual, mantendo as suas elevadíssimas margens de lucro, tem que continuar a manter-se alinhado com o tipo de conteúdo que as pessoas querem consumir.