Retiro o que disse!

12-03-2023

Dom Queixote,
Pois, "Pelo que vejo, realmente não há dinheiro!"


No anterior artigo MENFIS, teci algumas considerações sobre da existência de uma maioria absoluta no país como necessidade crucial para uma governação estável. Na altura, defendi o contrário, argumentando que as maiorias de um partido só limitam a oportunidade da participação plural, correndo-se o risco de o governo deixar ser do povo e passar a representar interesses pessoais, económicos ou puramente partidários. É verdade, eu disse-o... Mas, agora, retiro o que disse!

Se virmos bem, como seria possível a um governo que não tivesse maioria absoluta, fazer frente à conturbação social que se arrasta há meses e que, diariamente, ameaça a tão desejada estabilidade governativa? É que não são só os maquinistas dos comboios… Em simultâneo, surgem dos quatros cantos, ventanias reivindicativas trazidas pelos médicos, pelas constantes notícias sobre o abrir e fechar dos serviços de neonatologia, pelos enfermeiros que pugnam por salários justos, pela função pública que procura a valorização das carreiras e dos serviços públicos, do pessoal não docente, dos professores… Assim fica difícil!

Sim, dos professores! Esses intrépidos reclamantes que nem o passar dos meses, ou a imposição de serviços mínimos, os demove de continuar uma greve para verem recuperado o tempo de serviço que efetivamente prestaram, e que sentem o desrespeito pelo justo reconhecimento do seu trabalho ao ser escondido a coberto de falaciosos argumentos financeiros.

Para ajudar à dificuldade (ou fazer crer que assim é), está instaurada a nova figura não constitucional do nosso sistema político: o "Parladente", um "ente" que parla, parla, mas que não age em conformidade como garante dos valores democráticos, para a qual foi eleito. Pelas palavras, é um defensor do povo e da constituição. Pelos atos, constata-se que apenas é exímio na arte de comentar.

Ora, posto isto, leva-me a perguntar por que razão está o país a viver tal intranquilidade social? Será que a maioria absoluta promove uma insensibilidade governativa que, sentindo-se imune à oposição, não decide e não avança, remetendo a sua ação para ilusórias negociações que mais não são do que a tentativa de vencer os outros pelo cansaço? Será? Será que temos na Assembleia da República e no governo políticos que estão mais focados na salvaguarda dos seus interesses pessoais e na sua carreira partidária do que naquilo que o país necessita para ser melhor? Será?

Pelo que vejo, realmente não há dinheiro! Não há dinheiro que chegue para dar conta dos (des)governos ministeriais que terminam sempre da mesma forma, esbanjando chorudas quantias em negócios com transportadoras, bancos e macroempresas!

Depois, também já sabemos como invariavelmente tudo termina. Aliás, assoma-me ao pensamento uma canção com quarenta anos em que, em jeito de aviso, a letra principiava afirmando que "Quando a cabeça não tem juízo"… E, a mim, apraz-me concluir: "O povo é que paga!"

Então, se é este o corolário de uma maioria absoluta, afinal não RETIRO o que disse, REITERO o que disse! Venha a pluralidade de ideias e os governos verdadeiramente democráticos e minoritários…

Podemos continuar a eleger governos com maiorias absolutas... Poder podemos, Mas Eu Não Faria Isso!


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