Representar Portugal

30-10-2022

Lady in Red,
Eu sempre fui da opinião que representar o país é o pico mais alto de qualquer carreira desportiva. Não será certamente o mais lucrativo, mas existe um motivo pelo qual os atletas passam a grande maioria do tempo junto dos clubes e apenas uma pequena fração ao serviço da seleção, seja qual for a modalidade desportiva. 


 liás, defendo ainda a visão utópica que os atletas nem deviam ser remunerados por ter o privilégio de envergar as cores do nosso país. Concordo com suplementos financeiros nas modalidades, principalmente porque estas têm bem menos apoio (num rácio de 1 para 1000 se calhar) que a modalidade suprema, diga-se futebol. Poderei concordar com bónus de desempenho porque a excelência merece sempre recompensa e aí caberá a quem é merecedor escolher que tipo de gratificação merece.

Contudo, o que sempre me custou muito a compreender foi a renúncia de representar o teu país, a tua pátria. Bem sei que esta é uma visão romântica e que existem múltiplos fatores que podem impactar essa decisão. Mas bolas, ainda hoje me arrepio todas as vezes que ouço o hino nacional, imagino se tivesse a oportunidade de carregar a nossa bandeira no peito.

Vejamos exemplos práticos do que podem ser extremos neste enquadramento. Por um lado, temos a recusa de Rafa em representar a seleção nacional de futebol. Por outro lado, temos a presença eterna garantida de Cristiano Ronaldo que ainda não jogou o Mundial de 2022 (diga-se que está na pior forma de toda a sua carreira) mas já se deu como convocado para o Europeu de 2024.

Em ambos os casos temos casos clássicos de má gestão por parte da chefia, neste caso por parte do Engenheiro Fernando Santos. Rafa não é, na minha opinião, um titular da seleção nacional. Nunca o foi. Contudo, poderia ser um jogador muito útil para determinados jogos. Ronaldo foi a nossa bandeira durante mais de 15 anos e é para mim o melhor jogador português e um dos melhores do mundo, pela menos desta era da minha vida. Contudo precisa de banco, como qualquer outro, quando não está em forma.

Tudo isto para chegar à conclusão de que, na minha ótica, continuo a não compreender como alguém renuncia a Portugal, na minha visão romântica. Todavia, e como a maior parte dos trabalhadores, sou familiarizada com contextos de trabalho difíceis, chefias ultrapassadas e favoritismos - e isto aplica-se totalmente ao contexto da nossa seleção de futebol e de outras modalidades. Além do mais, a minha versão adulta sabe também que o futebol, como tantos outros aspetos do nosso dia a dia, é cada vez menos romântico.