Quando a legitimidade é ilegítima…

28-09-2023

Dom Queixote,
"Em boa verdade, este artigo não se quer ficar pela graça do trocadilho apresentado no título..."


Em boa verdade, este artigo não se quer ficar pela graça do trocadilho apresentado no título. Pretende-se retirar a máscara que, hábil e usualmente, se utiliza para justificar tudo e mais alguma coisa… Mesmo que a coisa seja demais!

Senão vejamos…

Segundo a Wikipédia, "legitimidade" é o critério utilizado para se verificar se determinada norma se adequa ao sistema jurídico de qual se alega fazer parte.

Já a palavra "ilegítima", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, significa algo não legítimo, bastardo, não merecido, injusto.

Atendendo ao significado destas duas palavras, podemos dizer que, quando votamos, será legítimo pensar que aquele candidato ou partido político, se chegar ao poder, vai cumprir com o programa que apresentou no momento da sua candidatura ou, pelo menos, ideologicamente vai alinhar as suas decisões pelos princípios propalados na campanha eleitoral.

Contudo, frequentemente verificamos que os eleitos, chegados ao poder, ou rapidamente esquecem o que prometeram, ou têm uma estranha facilidade em dar o dito pelo não dito, tomando decisões que nos surpreendem e que se apresentam contrárias ao ideário que nos levou a votar neles. E é aqui que a falácia dos agentes do sistema democrático se revela em todo o seu esplendor…

De repente, vem a público que determinado responsável político teve uma conduta reprovável, porque faltou clara e publicamente à verdade… Mas não se demite porque diz estar legitimado pelo voto dos portugueses…

Ou então ficamos a saber que outra alta figura do nosso sistema político foi responsável por má gestão do erário e que fez gastos indevidos, excessivos ou não justificados… Mas não assume o erro, nem abandona o lugar, pois diz estar legitimado pelo escrutínio popular…

Fica claro que, se não é justo que se utilize o argumento dos votos e das eleições para justificar o apego às "cadeiras do poder", muito menos correto será, de forma enviesada, ensaiar vincular a vontade expressa dos eleitores a factos e decisões que nada têm a ver com a sua intrínseca vontade.

Também fica claro que os neoacordos apelidados de "geringonças" são claramente uma forma retorcida do ideal democrático, visando apenas servir os interesses político-partidários, arredando das importantes decisões governamentais grandes grupos de votantes… Por vezes até o grupo que obteve mais votos no dia das eleições!

Se a democracia é representativa, é, seguramente, para dar voz e representar quem vota. Os governos só o serão quando espelharem real e equitativamente a vontade de um país. O resto não passa de engenharia política que em nada serve o povo…

Podemos continuar a fechar os olhos e a aceitar que o que é injusto, incorreto e ilegítimo seja branqueado com a capa legitimidade. Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso


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