Pilritos

14-08-2022

Bella Viassis,
Ao final da tarde, sentados na areia a sentir o cansaço de um dia de sol e calor, espraiamos o olhar pelo descanso do areal e o adormecer das ondas em baixa-mar, conseguimos encontrar encanto nas pequenas aves que aí vêm jantar.



Chegam em bandos, agarradinhos,
Nas sua camisas claras,
Capas escuras em forma de asas.
Poisam à borda-mar
Em patinhas negras, frágeis,
Na areia acabada de molhar.

Em passinhos saltitantes,
E bicos pretos a tutucar,
Catam poliquetas escondidas
Em tocas borbulhantes
Inundadas pelo mar.

Fogem das ondas assaltantes,
Que se espraiam areia acima,
Em corridinhas ligeiras,
Todos em uníssono,
Numa só direção,
Como quem canta o coro
De uma alegre canção.

Espreitam a areia, discretos
Olhinhos negros atentos
E bicam, bicam em ritmo batido
Até a onda voltar.
Como som de alerta,
O ribombar da onda,
Junta num bando de asas,
Pilritos que esvoaçam no ar.