Pescadinha de rabo na boca

02-08-2024

Dom Queixote,
"As "eternas" dificuldades que estagnam o país estão interligadas e exigem uma abordagem coordenada por parte do governo, do setor privado e da sociedade civil para serem superadas".


Nos últimos artigos, tenho referido que a conjuntura político-partidária do nosso país vive um momento em que, claramente, revela os políticos que temos (ou a qualidade deles) …

Desde o 25 de abril que Portugal ainda não conseguiu encontrar um governo efetivo que se digne resgatar o país do marasmo em que se encontra, pois apesar das mudanças e do progresso em algumas áreas, vivemos uma estagnação em questões fundamentais. Embora se tenham registado avanços na economia, como o crescimento do turismo e a recuperação após a crise, esses ganhos não foram suficientes para ultrapassar as dificuldades e implementar reformas profundas em áreas como habitação, saúde e educação, ou a lentidão do sistema judicial e burocrático, onde resolver uma questão depende da solução de outra, que por sua vez depende da primeira, e assim por diante…

Portugal ainda não conseguiu encontrar gestão para ultrapassar, resolver ou erradicar os seus mais antigos problemas. Grande parte do que estava mal no passado continua mal e por resolver, trazendo à superfície a demonstração clara de que, neste país, os problemas se alimentam de si mesmos, criando círculos viciosos que se assomam inultrapassáveis e, desafortunadamente, comprometedores do futuro.

Temos uma democracia, mas não temos governantes que, de uma vez por todas, optem por claras estratégias de recuperação que incluam medidas que levem transpor as seculares dificuldades com que o país se debate. De forma enviesada e aceitante, vamos dando votos a quem nos devolve frustração e ineficácia, onde as suas ações parecem não levar a uma resolução definitiva, mas sim a uma repetição contínua do problema. Portugal, talvez porque somos um país com muito mar e muitos pescadores, deixa que se faça jus à expressão "pescadinha de rabo na boca", em que as soluções apresentadas para um problema, o levam frequentemente de volta ao ponto de partida.

Em contraponto temos o exemplo de outros países como a Irlanda, a Islândia ou a Grécia, que nos fazem corar de vergonha quando com eles nos comparamos, pois no passado estiveram pior do que nós e agora mostram como se superam dificuldades… Com esforço, visão e coragem!

A adaptação às mudanças globais e a criação de um ambiente propício ao crescimento económico sustentável são essenciais para que Portugal possa enfrentar esses desafios de forma eficaz. As "eternas" dificuldades que estagnam o país estão interligadas e exigem uma abordagem coordenada por parte do governo, do setor privado e da sociedade civil para serem superadas.

Mas afinal, a responsabilidade do estado da nação é de quem? Da pescadinha? Dos nossos políticos? Dos problemas que, afinal, não têm resolução? Ou será nossa, de quem vota? Como cidadãos, podemos continuar a assobiar para o lado responsabilizando apenas os políticos, e deixando-nos levar no "canto da pescadinha de rabo na boca" .

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso.


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