Os Reis do Desporto
Lady in red,
Olhando para o ano de 2022, o mundo do desporto perdeu algumas das suas estrelas. Algumas abandonaram o "palco desportivo" para entrar numa nova fase da vida enquanto outras abandonaram o reino mortal e ganharam o estatuto de lendas.
Sebastian Vettel anunciou que a temporada de 2022 representaria o fim da sua carreira na Fórmula 1. Vettel conquistou 4 títulos consecutivos e foi o novo "herói alemão" da modalidade após Schumacher.
Em setembro já tinha abordado a retirada de Serena Williams, dando-lhe todo o destaque que julgo ser merecido pelo que fez pelo ténis ao nível mundial, principalmente na vertente feminina. Contudo o mundo do ténis foi ainda mais abalado aquando do anúncio da retirada de Roger Federer.
Federer foi a principal razão pela qual comecei a acompanhar ténis. Isso e um amigo meu que jogava ténis e não desistiu enquanto não o acompanhasse a um dos treinos para perceber a razão da devoção dele à modalidade. Confesso que no início demorei a perceber a atração. Parecia-me um jogo demasiado longo e demasiado parado, além de sempre ter preferido vertentes coletivas de desporto. Contudo vi Federer jogar e comecei a achar que talvez o ténis me parecesse aborrecido por ser uma forma de arte (novamente confesso que não sou a maior conhecedora de arte porque me falta a paciência para a apreciar verdadeiramente como me dizem ser a maneira correta). Todavia, Federer jogava com tal graciosidade que me levou a ficar encantada com o desporto e com a rivalidade deste com Nadal e Djokovic, dois enormes jogadores (atualmente já mais titulados que o suíço ao nível do suprassumo do ténis - os torneios de Grand Slam). Aprendi também a apreciar o ténis principalmente pela forma como lida com o conceito de rivalidade. Neste desporto o conceito de rivalidade anda quase sempre associado ao conceito de respeito, algo que não acontece em muitas modalidades. Federer elevou o jogo e deu-o a conhecer-se em todos os cantos do mundo. Considero que teve a despedida perfeita, a jogar ao lado de Nadal. Nadal que nos mostrou outra das mais belas facetas do desporto - a emoção. Nadal que chorou com a retirada do maior rival. Nadal que referiu que parte da sua carreira também terminou com a saída de cena de Federer. Resumindo e concluindo o meu amigo de escola tinha toda a razão - havia mesmo qualquer coisa de especial num jogo de ténis.
Falemos agora do Rei, da lenda que ascendeu ao patamar do nosso Eusébio ou do controverso Maradona. Edson Arantes do Nascimento faleceu a 29 de dezembro de 2022. Pelé nunca morrerá, sendo perpetuado cada vez que uma bola de futebol for comprada, chutada, defendida. Pelé continuará a existir enquanto o futebol existir como o conhecemos.
Pelé foi o impulsionador do futebol além-fronteiras, levando o desporto rei para as inóspitas terras norte americanas. Pelé ainda é o vencedor mais jovem a levantar a taça do Mundial. Pelé foi tricampeão mundial. Em 2000, Pelé foi eleito Jogador do Século pela IFFHS e foi um dos dois vencedores conjuntos do prémio de Melhor Jogador do Século da FIFA (o outro foi Maradona).
Ao contrário de Federer, não tive o prazer de ver jogar Pelé. Mas endereço-lhe o mesmo sentido obrigada por ser mais um génio do desporto, agora uma lenda.