O Geringonçal

24-02-2024

Dom Queixote,
"É necessário instituir um funcionamento de convergência ideária e, sobretudo, aprender a formar governos plurais, minoritários, mas representativos daquilo que é a vontade expressa do povo."


Há 50 anos que temos democracia no nosso país!

Dito assim, meio século parece uma infinidade de tempo! Mas afinal não é! Fazer "bodas de ouro" pode não fazer jus ao valor atribuído ao valioso metal, pelo menos no que respeita a Portugal e à política portuguesa…

De entre os vários pressupostos da democracia, um deles, de grande saliência, é o pluralismo político. O pluralismo político não é mais do que a possibilidade de existirem na sociedade diferentes partidos políticos e diferentes correntes de pensamento, que são essenciais para o debate de ideias e para a alternância no poder. Também fazem parte desse pluralismo a tolerância e o respeito pelas diferenças, a inclusão e a promoção da convivência pacífica numa sociedade plural. Para tal, o diálogo e a negociação entre diferentes grupos políticos são essenciais para a construção de consensos e para o bom funcionamento da democracia.

Dito isto, é justo pensar que cada cidadão votante possa crer que os partidos políticos existentes no nosso país (com e sem assento parlamentar) têm expressa e claramente no seu ideário as tão apregoadas "conquistas de abril", que é como quem diz, estão imbuídos de um espírito de pluralismo político. Poder acreditar podem, mas o seu engano não pode ser maior!

Infelizmente, não vemos nos nossos representantes partidários a vontade democrática de diálogo e de negociação entre si. Estamos em campanha eleitoral para as eleições do próximo dia 10 de março e aquilo que vemos e ouvimos são posicionamentos extremados, argumentos "cristalizados", acusações mútuas e falta de vontade de diálogo. Apela-se a maiorias absolutas como se esse fosse um fator essencial para a tão desejada estabilidade.

Portugal só será estável quando os nossos políticos forem capazes de entender que a sua função é fazer o melhor pelo país, esquecendo o que consideram melhor para si ou para o seu partido. É necessário instituir um funcionamento de convergência ideária e, sobretudo, aprender a formar governos plurais, minoritários, mas representativos daquilo que é a vontade expressa do povo. O povo nunca votou imaginando que o seu voto não teria representatividade! Foi a "engenharia política" que subverteu a democracia ao inventar as geringonças e, o pior de tudo, é que isso agora passou a ser moda! 

Estão a transformar Portugal. Estão a esquecer abril! Ou temos maiorias absolutas ou então não temos estabilidade… Ou então… Fazemos acordos pós-eleitorais, nas costas do povo, apenas para satisfazer os interesses e egos partidários.

Estão a transformar o país, estão a esquecer abril… Um dia destes, melhor será que Portugal, este cantinho à beira mar plantado, vá ao registo civil, mude de nome, e passar a chamar-se GERINGONÇAL!

Podemos continuar a aceitar que os nossos políticos estejam ensimesmados e esqueçam a vontade do povo. Poder podemos, Mas Eu não Faria ISso…
Sobretudo no próximo dia 10 de março!


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