O falcão

05-04-2023

Lady In Red,
Além de deter o título de ser o primeiro português a participar na categoria rainha do motociclismo, também possui no seu livro de recordes o facto de ser o primeiro a vencer um Grande Prémio (GP) e a vencer o GP de Portugal 


Miguel Oliveira pertence aos "quadros" da MotoGP desde 2019, primeiro na KTM e agora na Aprilia, que tinha sido a sua primeira mota, no longínquo ano de 2011, na categoria de 125cc.

Além de deter o título de ser o primeiro português a participar na categoria rainha do motociclismo, também possui no seu livro de recordes o facto de ser o primeiro a vencer um Grande Prémio (GP) e a vencer o GP de Portugal. É caso para dizer que o "Falcão" leva nas asas a alma lusitana.

Confesso que passei a acompanhar mais este desporto a partir do momento em que o Miguel começou a surgir no radar da alta competição. Já o conhecia através do Rossi, mas há algo de cativante em ter alguém a competir e a defender as nossas cores. Portanto, tal como inúmeros portugueses, fiquei extramente desapontada com o que sucedeu no dia 26 de março quando o Miguel foi obrigado a desistir após ter sido praticamente abalroado por Marc Márquez.

A velocidade máxima atualmente registado numa corrida de MotoGP encontra-se nos 363,3 km/h, o que é uma autêntica barbaridade. Aliás, este valor até é superior aos registados na Fórmula 1, outra modalidade rainha da velocidade. Considerando este aspeto é comum que aconteçam erros de cálculo que não são ajustáveis de modo a precaver este tipo de acidentes. Contudo, neste tipo de desporto, e a estas velocidades, os erros têm tendência a ter um impacto cada vez maior para a saúde dos participantes. Felizmente para o Miguel este acidente não teve um impacto tão negativo como poderia ter acontecido.

Erros existem, mas devem ser evitados ao máximo. Marc Márquez foi duramente criticado por ter prejudicado a corrida do nosso Miguel. O espanhol é um dos pilotos mais titulados da modalidade e, como Jack Miller muito bem mencionou, porque é o Márquez, todos querem espetar ainda mais a sua faca. Todavia, o problema é muito mais estrutural e vai muito além do que aconteceu apenas nesta corrida. É necessário delinear medidas e penalizações mais quantificáveis para evitar cada vez mais as tragédias que ainda acontecem com frequência demais neste desporto.

É necessário estabelecer uma linha ténue entre as alterações que se podem fazer neste âmbito, no que concerne tanto o homem como a máquina. Tal como todas as decisões de carreira, só segue este desporto quem o quer fazer. Logo, quem o faz, estará ciente do que implica. Contudo, talvez fosse necessário menor potência de máquinas e maiores sanções. É necessário dar razões para que os pilotos "se acalmem". É necessário encontrar aquela linha, que é sempre muito ténue, entre o espetáculo e a segurança.


Siga o COrTE NA CAsAcA
WhatsApp