Natal é dar e receber...

17-12-2022

Dom Queixote,
Estamos em tempo de Natal. Se até há umas décadas atrás o espírito do Natal era tradicionalmente vivido de forma mais ou menos igual por todo o país, com Menino Jesus, Presépio reis magos e pastores, hoje vivemos numa sociedade que integra uma grande diversidade de culturas, de formas de pensar, com uma realidade social, política e económica muito diferente, o que nos leva a conhecer muitas formas de viver o Natal. 


Não vou aqui fazer a elegia de se ter perdido o verdadeiro espírito de Natal, e nostalgicamente dizer que "no meu tempo é que era bom"!

Mas era! Era, e é comum ouvir dizer que se perdeu muito do espírito desses Natais antigos. Mas não, não se perdeu tudo, há algo que permanece... Os presentes de Natal!

Ora todos sabemos que a origem da tradição da troca de presentes no Natal, se deve ao facto dos Reis Magos terem ido ao Presépio oferecer ouro, incenso e mirra como forma de agradecimento e mostra de humildade. Assim, todos os anos, quando se aproxima o mês de dezembro, pensamos nos familiares e amigos e naquilo que lhes queremos oferecer pelo Natal. Então, deixem-me dizer assim: o Natal é tempo de dar!

Mas se é tempo de dar, também é tempo de receber. Contudo, poderá não será bem assim. Senão, vejamos...

Todos conhecemos aquele colega ou aquele amigo que quer sempre ser "muito justo", com ele as contas são sempre "à moda do Porto" e, se naturalmente o surpreendemos com um presente inesperado, se apressa a retribuir com algo de valor igual ou superior, dando-nos a sensação de "não querer ficar a dever nada". Se fizermos um exercício de memória, certamente nos lembraremos daquele colega ou vizinho incapaz de aceitar uma delicadeza nossa, por mais singela e desinteressada que seja...
Talvez porque se amedronte perante a obrigação sentida de retribuir, de dar, de se envolver.

Essa forma de estar gera obrigatoriamente distância, frieza e bloqueia aquilo a que eu chamo vida, e que só existe se tivermos a humildade necessária para nos relacionarmos com os outros. Aqui o dar e o receber caminham lado a lado em cima dessa mesma humildade.

Tão importante como ter a iniciativa libertadora de dar, é ter a modéstia de saber receber. Só assim será Natal, tempo de proximidade e envolvimento.

Sem ter a pretensão de criar um adágio popular, apetece-me dizer: "Quem não é para receber, não é para dar!"

Este pode ser mais um Natal em que nos preocupamos com o que vamos dar, sem ponderar como vamos receber...

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso...

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