Disciplina de Educação Física
Lady in Red,
Corria o ano de 2012, com Nuno Crato no comando do Ministério da Educação, quando Educação Física deixou de fazer parte das contas finais dos alunos do secundário...
Numa altura que a temática da educação tem estado em destaque no nosso país, decidi avançar com a minha opinião relativamente à disciplina de Educação Física e a relevância que tem no plano curricular das escolas.
Corria o ano de 2012, com Nuno Crato no comando do Ministério da Educação, quando Educação Física deixou de fazer parte das contas finais dos alunos do secundário que pretendiam ingressar no ensino superior. Isto foi apenas mais uma ação no longo historial de desvalorização desta disciplina.
Educação Física ou disciplinas de Artes (como Educação Visual) são muitas vezes consideradas os parentes pobres no plano de ensino que vigora em Portugal há muitos anos, sem alteração substancial. O nosso modelo de ensino encontra-se fundamentalmente assente nas áreas "normais" necessárias para formar um adulto bem-sucedido – considerando-se que isso terá como base uma formação na componente de economia, engenharia, línguas ou ciência. As disciplinas mais transversais ou mais esotéricas são consideradas como um complemento. Daí Educação Física ter deixado de contar para a média.
Em 2018 houve uma reviravolta e tudo voltou ao que estava definido antes de 2012. Mas a desconsideração por esta e outras disciplinas perpetua-se no tempo. Ouve-se recorrentemente nos corredores das escolas os "ajustes" de notas que são pedidos para esta disciplina. Geralmente porque a Maria quer entrar em Medicina e precisa do 19 para manter a média. Ou porque o António não tem aptidão e nunca a procurou desenvolver, mas ninguém daria um 10 numa disciplina como esta.
Este tipos de comportamentos, que pelo menos eu identifiquei em todo o meu percurso escolar, desvirtua o que pretende ser uma avaliação com métricas claras e quantitativas. Nem toda a gente tem jeito para desporto. Mas toda a gente se devia esforçar ao máximo nesta disciplina como noutra qualquer. É um excelente pressuposto que deveríamos incutir nas nossas crianças – podemos não ser bons a tudo mas temos que nos esforçar sempre ao máximo, sem esperar facilitismos. Além do mais facilitaria a perceção que não temos que ser todos ovelhas do mesmo rebanho.
Lembro-me com muita mais frequência deste tópico quando reparo no quão somos exigentes com os nossos desportistas de alta competição. Procuram-se sempre variadíssimas justificações quando não obtemos mais medalhas nos jogos olímpicos, quando não nos apuramos para competições internacionais das mais variadas modalidades, etc. Na minha opinião, a justificação mais imediata seria que nem sequer valorizamos esse tipo de objetivo de vida, a resposta mais comum quando se expressa interesse numa carreira em desporto é que funcionaria como um hobbie mas não como uma profissão. Contudo, é difícil ser excecional em algo com tão parcas condições e tão pouco interesse.