Descobri uma palavra nova!

17-09-2022

Dom Queixote,

Descobri uma palavra nova!
Contudo, antes de revelar qual, por uma questão que apelidaria de hitchcockiana, certamente não será este o parágrafo deste artigo, nem o momento, para " deitar a língua ao gato". Espero assim conseguir o foco do leitor um pouco mais... Apenas um pouco mais, pois esta palavra, que é a minha nova descoberta, será desvendada pouco a pouco no texto que se segue...


verdade é que todas as manhãs a televisão me proporciona a possibilidade de aprender algo de novo sobre a língua portuguesa, no programa "Bom português"... Contudo hoje sinto-me a ir mais longe... Descobri uma palavra que não imaginava que existia! Desconhecia-a e, mais do que isso, estava longe de imaginar que tinha sido encontrado um vocábulo para expressar esse significado.

Acho que a palavra que descobri tem uma sonoridade bárbara! E isso é algo que desperta naturalmente a curiosidade a qualquer ser pensante que com ela tome contacto pela primeira vez.

Foi isso que comigo aconteceu e me fez acordar para a reflexão sobre tão surpreendente descoberta, que vos passo a apresentar.

Tudo começa se considerarmos ser importante que cada um tenha opinião própria, isenta, para podermos ser cidadãos civilmente ativos e participantes no dia-a-dia do processo democrático do nosso Portugal. Nesse caso, começo por afirmar que acho que é importante achar. O nosso sistema político assim o exige e quem pensar de outra forma - que pode deixar as suas responsabilidades e tomadas de decisão apenas nas mãos dos políticos e dos governantes - acha mal! Mas cuidado... Se acha mal quem nada acha, também acha mal quem acha por achar!

Assim dito parece confuso. Afinal, devemos ou não achar? Devemos ou não ter opinião?

É claro que sim!
É fundamental que cada um de nós ache e que para achar, para formar a sua própria opinião, esteja informado, faça um esforço para ser isento (se a paixão o permitir) e, sobretudo, que coloque a racionalidade nos alicerces da sua opinião, fundamentando-a perante si e perante os outros. Desta forma não tenho a menor dúvida que, se assim for, teremos melhor cidadania, melhor participação civil, melhores decisões e, por osmose, melhores políticos e consequentemente melhor futuro!

Mas no mundo em que hoje vivemos, apesar da informação estar massificada através dos jornais, da rádio e da televisão, quem tiver a intenção de formar o seu ponto de vista e pretensões a achar não terá tarefa fácil se, por essa via, procurar encontrar outros juízos fundamentados que ajudem a construir uma opinião que seja sua, singular. Os comentadores, políticos, jornalistas e fazedores de opinião, brindam-nos diariamente com as suas afirmações, muitas delas meramente opinativas e, sem pejo, sem explicar porquê e sem objetivamente mostrarem que existe um fundamento que os leve a achar, fazem chover sobre a opinião pública as suas "achaduras": "Acho, esta medida peca por tardia...", "Acho que o ministro devia sair...", "Acho que o deputado esteve bem...", "Acho que é inadmissível...". Desta forma, e acrescentando um teatral tom de certeza ao seu discurso, transformam escanzelados slogans em verdades inabaláveis.

Nada disto seria grave se o comum cidadão tivesse oportunidade de filtrar esses conteúdos, ficando imune ao pulular dessas argumentações ocas e subjectivas. A situação assoma laivos de tragédia no momento em que cada um, percecionando a falácia desses discursos, se sente também no direito de dar a sua opinião, nascida do espontâneo, sem fundamento, sem ser pensada... Só porque acha! Só porque sim!

Digo trágico pois desta forma está ao alcance de todos a possibilidade de afirmar levianamente o que lhe aprouver, permitindo assim que a deriva leve o barco, que tudo seja aceite (mesmo o moralmente inaceitável), e que com tanta "poeira no ar", seja quase impossível discernir o que está certo daquilo que está errado e formar a tal opinião própria e singular!

Se nos permitirmos recorrer a esta falácia opinativa, é verdade que em segundos encontraremos justificações para tudo e para todos.
Deixa de ter valor a escorreita opinião e escancaram-se as portas ao ACHISMO.

A palavra tem boa sonoridade embora, a meu ver, seja perniciosa... Ou melhor, o seu significado é claramente prejudicial ao bom funcionamento da sociedade civil.

Podemos tomar este fácil e convidativo caminho, mais que não seja porque simplesmente "eu acho e é assim!"

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso!


"ACHISMO"
Exposição, argumentação ou conjunto de ideias que se baseia apenas na subjectividade, na opinião pessoal.


Se gostou deste artigo,
siga o COrTE NA CAsAcA

WhatsApp