Crónicas da Ecovias 1
Jolei,
O «prutuguesito lusito» não é só aquele que estaciona o carro em cima do jardim da beira da rua e prepara o piquenique estendendo a toalha sobre a relva com a trampa do cão de outro «prutuguesito» que por ali passou e no fim deixa os sobrantes para as formigas e para o vento mostrar a sua direção, quando a 100 metros dispunha de um parque de merendas arborizado, com mobiliário urbano e depósitos para resíduos. E também não é o outro que lança as beatas pela varanda depois de inundar de fumo a casa do vizinho de cima ou o similar que não cumpre as regras mínimas de higiene, continua a abusar da compra ou utilização de produtos plásticos, etc, etc. É também aquele que tutela e toma decisões alegadamente em nome de quem o elegeu.
.Em 2016 fazia Birdwatching com o meu filho na margem do rio Minho entre a Praia Fluvial da Lenta e a ilha da Morraceira em Vila Nova de Cerveira, quando deparámos com uma verdadeira razia de árvores na vegetação ripícola. Fiz-me de lerdo e telefonei para o pelouro do ambiente da autarquia a denunciar o roubo de freixos e carvalhos centenários no local. Responderam-me que não me preocupasse, pois tratava-se de preparar a ligação da ecovia entre Cerveira e o concelho de Valença já concluída. Resultado: a ecovia ficou pronta para gaudio dos espanhóis que a utilizam maioritariamente, mas o rio assoreou dificultando a captação de água para rega dos campos e as aves, essas bandearam-se para a margem espanhola ainda em estado natural como deveriam estar todas as margens de rios e ribeiras portuguesas, cumprindo a Rede Natura 2000 - "Esta é uma rede ecológica de âmbito europeu que visa assegurar a biodiversidade, através da conservação ou do restabelecimento dos habitats naturais e da flora e da fauna selvagens num estado de conservação favorável, da proteção, gestão e controlo das espécies, bem como da regulamentação da sua exploração." (lê-se no site do ICNF)
Agora é o «lusito» autarca de Caminha que se prepara para investir 1,5 milhões de euros "para a requalificação da margem esquerda do Coura por uma área de 124 hectares desde Vilar de Mouros até Caminha com recurso a técnicas de engenharia natural, a recuperação de zonas da galeria ripícola, plantação de árvores e arbustos, a eliminação de manchas de espécies exóticas invasoras e a plantação de caniçais, a criação de percursos pedonais e cicláveis ao longo de toda a extensão da intervenção". Puro eufemismo a avaliar pelo resultado da ecovia de Cerveira.
Pois é. Saiba o leitor que o Sapal do Coura na desembocadura no rio Minho é a única ZPE que não possui um observatório, obrigando os biirdwatchers a utilizarem os perigosos passeios da obsoleta ponte rodoviária que liga a N13 de Caminha a Seixas.
Dizia um falecido amigo meu que fascista é o que não faz o que faz falta, mas o que faz vista, com todo o respeito pelos que foram vítimas da ditadura deposta pelo 25 de Abril de 74.