A crítica.

27-11-2022

MENFIS,
Nos dois primeiros artigos desta rubrica falou-se de cidadania e participação. Agora vai-se mais longe e além do conteúdo... fala-se da forma!


Nos dois primeiros artigos desta rubrica falou-se de cidadania e participação. Refletiu-se sobre a importância de cada um dos cidadãos ser capaz de ter opinião própria, racional, afastada dos amores e humores do sensacionalismo, das paixões, e de como facilmente se pode cair na falácia de fazer afirmações de forma leviana, só porque "ouvimos dizer" ou comentar, ficando assim longe do desejável discernimento entre o que verdadeiramente está certo ou errado.

Posto isto, a questão que logicamente se coloca a seguir é: e que utilidade tem essa opinião? O que fazer com ela...

Aqui surge a necessidade de sermos capazes de julgar, e julgar bem. A isso chamamos crítica. Esta é o busílis da questão, pois estamos habituados a que nas televisões, rádios e jornais, os seus comentadores (desde a política ao futebol, passando pela economia...) nos tenham habituado a que a crítica seja utilizada em proveito próprio, enviesando frequentemente as realidades, servindo apenas de arma de arremesso e, por isso, surge-nos como algo nefasto e destrutivo. Basta assistir a uns minutos aos debates parlamentares para ficarmos estarrecidos ao vermos a forma como se digladiam os nossos deputados, quedando-se pelas acusações mútuas, satisfazendo-se com o apontar recíproco de falhas, tentando assim destruir, desfazer, limitar... Muitas vezes sem justificação ou objetivo maior.

Talvez por isso, quem ocupa lugares de responsabilidade e chefia está frequentemente de costas voltadas para os seus críticos diretos, fechando assim os olhos a outras opiniões e, ensimesmado, prossegue cegamente as suas aventuras fechadas e egocêntricas, rumo a um horizonte estéril. Pior, para garantir a continuidade dessa viagem, que apenas a si interessa, o responsável, o chefe, cai na sua própria armadilha e vê-se obrigado a não ouvir ninguém, transformando aqueles que opinam de forma diferente em alvos a abater!

Em consequência disso surge inexoravelmente uma expressão que faz lembrar os tempos da "outra senhora": "ou estás comigo ou estás contra mim!"

A isto chamo pequenez! Antes de mais pequenez de espírito, mas também incapacidade e fraqueza...

Desta forma, a crítica (a capacidade que cada um deve ter de julgar bem) transforma-se em algo incómodo, e o brando cidadão, mesmo que não o assuma publicamente, corre-lhe na alma o receio de falar aberta e livremente.

Mas não tem obrigatoriamente que ser assim!

Se entendermos que a crítica pode ser algo que pretende, pela positiva, dar a conhecer outra perspetiva, que valoriza e que é partilhado com o objectivo de ajudar, com a intenção de conseguir que se alcancem mudanças positivas e se obtenham proveitos dessas alterações, então estaremos a ser fortes... Muito fortes! E melhor, a responsabilizar quem nos critica dando relevo às suas opiniões

Podemos continuar a seguir o modelo que o status quo nos apresenta, podemos continuar a ver e a usar a crítica como destrutiva...

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso


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