Caso Rubiales

04-10-2023

Lady In Red,
"Curiosamente nunca vi nenhum dirigente de tal forma em êxtase que tenha decidido beijar o Sérgio Ramos ou o Iniesta ou o Piqué."


A Espanha sagrou-se campeã do mundo de futebol feminino no fim do passado mês de agosto. Julgo que a maioria da população portuguesa estará ao corrente deste facto. Contudo, o motivo para tal será, na grande maioria dos casos, pelo que aconteceu com Rubiales.

A Espanha já tinha ganho, em feminino, os mundiais de Sub-17 e Sub-20 e agora conquistou o título mais desejado, a nível sénior. O Mundial na Austrália e Nova Zelândia proporcionou inúmeros espetáculos de enorme qualidade e foi um palco de afirmação para o futebol feminino. A nossa própria seleção esteve a cerca de 5 cm de distância de escrever mais uma página de ouro na sua história e eliminar os EUA. Capeta esteve muito perto de ser Éder, mas o poste não deixou.

Todavia o que ficou deste mundial não foi a qualidade de jogo ou o aumento de interesse para o futebol feminino, com os jogos a serem até transmitidos em canal aberto, em Portugal. O nome deste mundial não foi a melhor jogadora do torneiro ou a melhor marcadora ou a melhor guarda-redes. O nome deste torneio e a figura em mais destaque no mesmo foi Rubiales.

Já era sabido que existiam problemas dentro da estrutura espanhola. Algumas jogadoras optaram mesmo por solicitar não ser convocadas por discordar da estrutura e da gestão, seja do próprio treinador ou da federação. No entanto, devido ao percurso da seleção no mundial, falou-se mais do jogo em si e menos de outros aspetos. Até ao momento de consagração, naquele que deveria certamente ter sido um dos pontos mais altos da carreira desportiva das jogadoras espanholas.

No momento de entrega das medalhas, Rubiales, aparentemente em delírio com a febre da vitória, opta por beijar Jenni Hermoso. Seguiu-se um circo mediático, a inicial desvalorização por parte da jogadora, a negação de Rubiales em admitir que o seu comportamento poderia sequer ter algo de incorreto, os ataques da federação à sua própria jogadora, tentando aludir a que haveria uma relação de proximidade entre ambos e que tudo estaria num contexto fraternal. Continuou durante semanas com as palmas na assembleia, a greve de fome da mãe de Rubiales e culminou no único desfecho possível – na saída do treinador e de Rubiales da seleção espanhola.

Já ouvi muitas interpretações sobre este tema e muitos ângulos sobre os quais podemos analisar o mesmo e quis esperar para poder comentar este assunto. Vou simplesmente incidir sobre um deles, aquele que considero ser o mais simples e o mais percetível. A Espanha, a seleção masculina, ganhou 2 Campeonatos da Europa e 1 Mundial num curto espaço de tempo. Curiosamente nunca vi nenhum dirigente de tal forma em êxtase que tenha decidido beijar o Sérgio Ramos ou o Iniesta ou o Piqué. Haja respeito, como o lema da FIFA assim pressupõe.


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