Campeonatos Europeus Multidesportos
Lady in Red
O Campeonato da Europa de Atletismo de 2022 decorreu entre 15 de agosto e 21 de agosto de 2022. Embora Campeonato de Atletismo se tenha tornado bastante redutor uma vez que engloba várias modalidades extra, como por exemplo canoagem, vólei de praia, natação, entre outros. Portanto, transformaram-se nos Campeonatos Europeus Multidesportivos (Munique) e Europeus de Desportos Aquáticos (Roma) 2022.
Para mim, as disciplinas de atletismo são do desporto mais puro e básico que podemos aspirar. Não estou de todo a desconsiderar o esforço e dedicação de todos os atletas ou o grau de dificuldade associado à prática das diversas variantes deste desporto. Simplesmente pretendo constatar que a prática de atletismo está associada a movimentos básicos do ser humano: saltar, correr, atirar...
Elaborando variadíssimos paralelismos, cada vez que jogamos à apanhada em crianças estamos a treinar para o sprint dos 100 metros. Cada vez que saltamos um muro estamos a praticar os 110 metros com barreiras. Cada salto pode ser o início de um novo prodígio de salto em altura. Cada salto na praia pode ser a preparação para o próximo campeão de triplo salto, na linha do Nélson Évora ou do Pedro Pichardo. Diga-se que o triplo salto está cada vez mais inovador, o sueco Jesper Hellstrom fez um "salto do salmão" no Europeu de Atletismo e surgiu em várias plataformas na Internet. Logo até mesmo uma modalidade tão antiga como o Atletismo está aberta a um pouco de inovação!
Contudo, todas as atividades acima supracitadas são cada vez menos recorrentes no dia a dia. As nossas crianças passam cada vez mais tempo a aproveitar as "maravilhas" da tecnologia e a ignorar as inúmeras opções fantásticas que o nosso próprio corpo nos oferece.
Só espero que em 2052 não estejamos a falar dos Campeonatos Europeus Multidesportivos Robóticos onde o entretenimento será assente na corrida de 100 metros do Robot X, Y, Z. Aproveitemos as vantagens tecnológicas para tornar o desporto cada vez mais justo, mas que este continue a ter como ponto central o ser humano e não a tecnologia. As paletes de sentimentos humanos ainda não são replicáveis em mais nenhum ser ou material. Não é possível replicar a dor que se sente após 4 anos de treino quando o isquiotibial cede logo após 10 m do arranque. Não é possível replicar o choro de alegria quando se ouve o hino do nosso país ao receber a medalha de ouro no lugar mais alto do pódio. Não haverá realidade virtual que ainda consiga replicar essas emoções. Sensações talvez, emoções ainda não.
Dito isto, deixo um muito obrigada aos 8 medalhados portugueses e a todos os atletas que participaram nestes europeus, tendo como objetivo eriçar os pelos dos braços de todos os conterrâneos quando soasse o hino nacional. De nós, da nobre pátria lusitana, esperam-se sempre prestações fabulosas mesmo perante o baixo investimento e condições proporcionadas. Obrigada a vocês que nos continuam a relembrar que a raça portuguesa é cheia de força e desejo de conquista.