Caitlin Clark
Lady in Red,
"Já vi vários jogos de Caitlin Clark e é uma jogadora incrível. Não é só uma marcadora de pontos extraordinário como também tem uma visão de jogo muito acima da média..."
Atualmente Caitlin Clark é um dos maiores fenómenos do desporto norte-americano. Caso não a conheçam ainda, é jogadora de basquetebol e representou a Universidade do Iowa durante quatro anos, tornando-se na melhor marcadora do basquetebol universitário feminino nos EUA. Foi também eleita jogadora do ano e levou a equipa de Iowa a patamares que antes não tinham atingido, apesar de nunca ter logrado conquistar o tão ambicionado título universitário. Contudo, mais do que todos os recordes, levou o basquetebol feminino a outro nível. Não o fez sozinha, mas é, sem dúvida alguma, o expoente máximo deste movimento que tem vindo a assolar o desporto feminino além-fronteiras (e felizmente dentro das nossas também se regista, embora maioritariamente no futebol feminino).
Já vi vários jogos de Caitlin Clark e é uma jogadora incrível. Não é só uma marcadora de pontos extraordinário como também tem uma visão de jogo muito acima da média. Contudo, a WNBA (liga de basquetebol americano feminino) sempre esteve recheada de imenso talento. Logo porquê o boom de Caitlin?
Como já referi, Caitlin é extraordinária e merece todos os acordos publicitários, todos os patrocínios e todo o louvor pelo que já fez pelo basquetebol feminino. Por exemplo "levantou" novamente o tema da renegociação salarial, novos acordos para transmissão televisiva e alteração dos jogos para pavilhões com mais capacidade devido à enorme procura. Resumindo, é um fenómeno, mas também é um produto de marketing excecional e talvez o mais "adequado" (nunca nos esqueçamos também da importância das redes sociais no contexto atual).
Caitlin Clark é uma jogadora de raça caucasiana que emerge num contexto desportivo tipicamente dominado por jogadoras de raça negra; é uma jogadora heterossexual numa liga com uma considerável comunidade LGBTQ+. Num mundo ideal nenhuma destas considerações teria impacto na ascensão ao estrelato, mas não vivemos nesse cenário idílico. Nada disto retira mérito ao que Cailtin está a fazer e ela deve continuar a fazer o seu caminho; procura-se simplesmente chamar a atenção que múltiplas coisas podem ser verdade ao mesmo tempo e que há certos aspetos que também não deveriam cair no esquecimento.
Dito tudo isto, Caitlin também sentirá o "lado negro" da fama. A seleção norte-americana possui inúmero talento e Caitlin não foi convocada para os Jogos Olímpicos de Paris. Segundo os relatos provenientes do outro lado do oceano, as jogadoras mais veteranas expressaram alguma preocupação com o facto de todo o hype à volta de uma jogadora poder prejudicar a equipa. Todas as convocatórias, em todos os desportos, se encontram enleadas em polémica e existe uma linha ténue a percorrer para encontrar o equilíbrio entre o reconhecimento que Caitlin traz a este desporto, a excelente jogadora que já é e também a consideração que merece quem sustentou a WNBA antes e agora e que, por múltiplos fatores, poderá não ter tido a apreciação necessária.
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