Ai que não há sentido de estado!

Dom Queixote,
"Desafortunadamente os nossos políticos têm-nos presenteado com tristes espetáculos que nada tem a ver com o sentido de Estado."

De uma vez por todas, este é o momento em que os portugueses estão a constatar dia a dia, vendo com os próprios olhos, os políticos que têm (ou a qualidade deles).

A verdade é que estamos há 50 anos a lutar por uma sociedade justa e responsável que ainda não chegou…

Vivemos num mundo em que o egocentrismo e a autossuficiência surgem como valores seguros e maiores. Contudo, esta sensação é ardilosa e, se quisermos ser honestos e ouvir a história, sabemos que há a outra face da moeda que implica a capacidade de colocar o país acima de interesses pessoais ou partidários. Revela-se na atitude de agir de forma responsável e ética, com o objetivo de promover o bem-estar de todos e chama-se sentido de Estado! Sabemos que este é um conceito que hoje é pouco ou nada valorizado na sociedade portuguesa. Para mal do país e da democracia é tacitamente aceite que, mesmo recorrendo a meios menos lícitos e eticamente reprováveis, um cidadão consiga enriquecer rapidamente ou obter lucros e posições de destaque que lhe permitam ter mais do que o comum dos mortais. E quanto mais tiver… Melhor! Pois eu diria… Pior!

O país é um todo, e tudo o que acontece a cada um, reflete-se na globalidade… Na economia, na educação, na saúde, no bem-estar geral do país. Podem estar muitos a comer caviar todos os dias, mas se há outros com grandes dificuldades em pagar as contas do supermercado ou ir ao médico, algo está mal. E não é com egolatria que se constrói uma sociedade estável e propensa ao progresso, se promove a justiça social ou se fortalece a democracia.

É necessário assumir uma visão de longo prazo pensando no futuro e não apenas no presente, é necessário priorizar os interesses da população como um todo, acima de quaisquer outros interesses, é necessário decidir de forma justa e transparente sem deixar que os interesses privados suplantem os interesses nacionais, é necessário ter comprometimento e assumir as responsabilidades pelas ações tomadas e pelos resultados obtidos e, sobretudo, é necessário dar o exemplo, inspirar e motivar os outros a trabalhar em prol do bem comum.

Sentido de Estado!

Desafortunadamente os nossos políticos têm-nos presenteado com tristes espetáculos que nada tem a ver com o sentido de Estado. Desde as inexplicáveis conversas "informais" nos jantares do Presidente da República, à proclamação de apresentação de moções de censura a governos ainda não formados, passando pelas orgulhosas formas de oposição (que apenas são contra porque sim) e terminando na desfaçatez com que descaradamente nos tentam enganar. Alguém mente quando um partido afirma algo e, sistematicamente, outros o seu contrário. Isso não nos dá segurança nem nos ajuda a formar opinião e, consequentemente, a sermos melhores cidadãos… E não nos venham tratar como ignorantes, alegando retoricamente que não há uma só verdade. A verdade verdadinha é só uma: a qualidade de vida dos cidadãos e o seu bem-estar económico.

Mas responsabilize-se também o leitor! O sentido de Estado é uma responsabilidade de todos os cidadãos, não apenas dos líderes políticos. Cada um de nós pode contribuir para o bem do país, agindo de forma responsável, ética e consciente, sobretudo quando vota!

Podemos banir do dicionário a expressão sentido de Estado. Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso.

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