Ai que não há estabilidade!
Dom Queixote,
"Assim, a desfavor do povo e da sua vontade, se criou o mito de que o país só tem estabilidade e governo possível se existir uma maioria absoluta."
De uma vez por todas chegou o momento em que os
portugueses terão oportunidade de constatar com os próprios olhos os políticos que nos governam (ou a qualidade deles).
A verdade é que estamos há 50 anos a lutar por uma democracia que ainda não chegou.
Se bem me lembro, em 1974, à definição de democracia estava intimamente ligada a ideia do poder popular e da expressão múltipla das ideias e vontades de cada eleitor. Foi com esperança que, logo após o 25 de Abril, vimos ter assento parlamentar vários partidos e o país ser governado com essa massa plural de opiniões. Umas vezes com alianças partidárias pré-eleitorais, outras vezes com acordos de incidência parlamentar e noutros momentos sem haver nada disso. Abundava a ideologia, na Assembleia da República defendiam-se verdadeiramente ideias, e o país foi dirigido com os governantes a fomentarem o imprescindível entendimento entre os vários partidos, dando necessariamente a voz e ouvidos a todos.
Podem não ter sido governos perfeitos, mas esperava-se (pelo menos eu) que com o passar dos anos a experiência democrática trouxesse aos políticos a capacidade de governar melhor, orientar a economia e as finanças do país de forma a atender às reais necessidades do povo.
Contudo, cinco décadas de democracia apenas conseguiram criar um panorama político onde prospera o clientelismo e se instalou a cristalização. Não se viu o país progredir social e economicamente, seguindo o exemplo de outros países europeus que demonstraram ser possível sair do marasmo e encaminhar as nações no sentido do sucesso, e bem ao contrário, Portugal viu-se repetidamente na necessidade de solicitar ajuda externa para fugir da bancarrota. Perante este cenário, aquilo que constatamos é que os nossos partidos e agentes políticos são feitos de uma massa que não consegue mais do que simplesmente levá-los a fecharem-se em si e dar asas aos seus interesses partidários e pessoais.
Inexoravelmente, ao instalar-se esta realidade, verifica-se que todos perdemos com as limitações daí emergentes. O país é incompreensivelmente encaminhado para uma vivência parlamentar e governativa estanque, em que os partidos, ao invés de trabalharem para encontrar soluções para a nação, preferem permanecer incomunicáveis nas suas intransigentes redomas… Ai que não há estabilidade!
Assim, a desfavor do povo e da sua vontade, se criou o mito de que o país só tem estabilidade e governo possível se existir uma maioria absoluta. Nada mais errado ou mais longe dos princípios de Abril.
Portugal deve ter estabilidade governativa! É essencial que nas mentes dos nossos agentes políticos estejam bem presentes palavras como democracia, consenso, sentido de estado, serviço, pátria e que estas sejam a base dos princípios que norteiem as suas decisões.
Não pode, este cantinho à beira mar plantado, vaguear ao sabor das agendas políticas e das sedes de poder. Também não podemos aceitar que os atuais fazedores de opinião, que todos os dias se multiplicam nos media, nos convençam que os governos, ainda antes de iniciarem funções, já tenham certa a data do seu termo! Só porque interessa a alguém… Mas não ao povo.
Para que não tenhamos a sensação de que em Portugal a política não é mais do que um banquete que apenas serve para alimentar os responsáveis de cargos públicos, todos têm que ser responsáveis e ouvir todos! A começar pelo Primeiro Ministro.
Podem os partidos, envolvidos nas suas guerras
particulares, continuar a desrespeitar o povo, esquecendo-se que foram por ele
eleitos e que todos são responsáveis por promover uma boa governação.
Poder podem,
Mas Eu Não Faria ISso!
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