Ai que não há dinheiro!

13-04-2024

Dom Queixote,
"Pois, parece que todos os problemas de Portugal e arredores se resolveriam se houvesse dinheiro.
E posto isto, pergunto… não há?


De uma vez por todas chegou o momento em que os portugueses terão oportunidade de constatar com os próprios olhos os políticos que nos governam (ou a qualidade deles).

A verdade é que estamos há 50 anos a lutar por uma democracia que ainda não chegou.

Nos últimos anos verificamos diariamente que houve insatisfação social e que vários e importantes setores da sociedade se mostravam descontentes. Não estou a dar novidade alguma. Os meios de comunicação social fazem-me jus.

Foram os professores, foi o SNS e os médicos, foi o SNS e os enfermeiros, foram as polícias, foram os patrões, foram os empregados… Eu diria que foram todos a reclamar… E se reclamavam é porque algo estava mal.

Ora para quem nos governa as reclamações resolvem-se (ou não) de uma forma muito simples… Pagando! É, qualquer das reivindicações que acabei de referir não teriam acontecido se tivesse havido disponibilidade financeira para os resolver… Tão só!

Ninguém reclama melhores condições de trabalho que não impliquem investimento financeiro. Ninguém reclama melhorias nas carreiras sem que isso signifique dispêndio orçamental, tal como ninguém reclama melhores salários sem que isso envolva dinheiro.

Pois, parece que todos os problemas de Portugal e arredores se resolveriam se houvesse dinheiro. E posto isto, pergunto… não há? É correto dizer, "ai que não há dinheiro! "? 

Na minha humilde e simples forma de pensar, imagino a gestão de um país como se fosse a minha casa. Sim, uma gestão "caseira" mas em larga escala. Não me refiro aos óbvios pormenores que fazem a diferença entre gerir um lar e um país, mas aos princípios da gestão.

Gosto de pensar assim: todos os dias num lar há situações novas e problemas a ultrapassar e, num país, a realidade não é diferente. Então vejamos: se na minha casa acontece que o telhado deixa entrar água, isso coloca em risco a restante edificação e o bem-estar dos moradores. Digamos que as paredes, ao apresentarem o desenvolvimento de fungos, é como se estivessem a fazem greve, e o soalho, ao inchar vigorosamente e levantar as madeiras, embora não seja notícia de abertura dos noticiários, está a realizar uma "manif" nacional de descontentamento…

A acreditar na recorrente argumentação dos nossos governantes diria que "Não se fazem obras porque não há dinheiro…".

Contudo essa argumentação soa-me claramente a uma falácia que apenas serve a quem não está interessado no país e nos portugueses. Tem de haver dinheiro! Nós pagamos impostos! 

Também entendo que quem governa não tem orçamentalmente um espaço de manobra ilimitado, e que não pode atender a tudo e a todos na plenitude das suas reivindicações. Mas não  pode justificar a sua inércia dizendo que não há dinheiro! Esse é o escudo ardiloso e arrogante de quem não está há altura da governação. 

Atender às justas reclamações dos cidadãos é tão essencial como mudar as telhas partidas de um telhado numa casa com infiltrações. Para resolver o problema não se pede que se façam obras estruturais e se contrua uma casa nova, mas tão simplesmente que se reparem as telhas partidas. E para isso há dinheiro… tem de haver!

A prova mais evidente de que afinal até há dinheiro, foi revelada aquando das últimas eleições legislativas..Os professores, as polícias, os médicos e os enfermeiros passaram meses a a lutar para verem satisfeitas as suas exigências mas, do governo que gozava de maioria absoluta e se gaba de ter deixado um excedente orçamental, invariavelmente receberam a fria explicação de que não era possível serem atendidos pois não havia dinheiro pois as contas certas falavam mais alto. Mas de repente, de forma inexplicavel e miraculosa, durante as campanhas eleitorais,vimos os partidos comprometeram-se a acolher as reivindicações que a maioria governamental sempre recusou satisfazer... 

Constato que com esta forma de fazer política o povo fica sempre a perder: ou afinal havia dinheiro e, nesse caso, já devia ter sido disponibilizado para atender às justas reivindicações dos cidadãos, ou então realmente não há dinheiro e as promessas que nos foram feitas vão além das nossas capacidades financeiras, levando obrigatoriamente o país a cair em mais uma situação de dificuldade. 

Podemos continuar falaciosamente a argumentar que não há dinheiro para resolver as reivindicações do povo.

Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso.


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