Ai que a democracia dá trabalho
Dom Queixote,
"A participação ativa na democracia não só fortalece o sistema político, mas também capacita os cidadãos".
Só não vê quem não quer… Não quer ver ou não quer ter trabalho!
Estamos a 50 anos do 25 de abril, num momento de rara clareza demonstrativa dos políticos que Portugal tem (ou a qualidade deles). Em boa verdade, no perfil dos políticos que Portugal hoje tem, está indubitavelmente plasmado o grau de exigência dos eleitores. É triste, mas todos os dias nos deparamos com notícias que nos mostram que quem nos governa não consegue ver além dos seus próprios pés, mostrando tomar posições e decidir de forma a engordar o seu umbigo, esquecendo que foram eleitos para servir bem os cidadãos. Já tivemos tempo suficiente para perceber que tipo de políticos queremos como Presidente da Républica, na própria Assembleia da Républica, no poder local, nos partidos…
Mas se é assim, porque será que há décadas que sonhamos (e não passamos do sonho) com uma sociedade melhor, mais equilibrada e com um futuro mais promissor? Não será porque, no momento crucial da decisão, cada voto tem de ser racionalmente pensado com justeza, deixando o clubismo partidário para os aguerridos e mediáticos comentadores políticos? Não será porque a democracia dá trabalho?
Sim, a democracia dá trabalho, e desengane-se quem pensa que esse trabalho é apenas para os políticos, pois o trabalho dos eleitores, de cada um de nós, é uma parte essencial do seu funcionamento e manutenção.
Jamais podemos ambicionar um país e uma democracia melhores sem pensar num esforço contínuo de todos: políticos e eleitores!
Em primeiro lugar, a democracia depende da participação ativa dos cidadãos. Isso significa estar atento aos debates públicos, aos movimentos sociais e, sobretudo, manter-se informado sobre a realidade política e social, conhecer as políticas públicas e entender os processos governamentais. Para isso é necessário tempo, energia e dedicação, ou seja: trabalho!
Também em democracia, os cidadãos e as instituições devem ter opinião livre e independente sobre as ações do governo e dos representantes eleitos, isso para garantir que agem conforme o interesse público e exigir transparência e responsabilidade. Essa opinião livre e independente obriga ao debate contínuo das ideias e políticas, e forma-se ouvindo opiniões divergentes, que argumentem racionalmente e busquem consensos ou compromissos, o que pode ser desgastante e demorado, ou seja: dá trabalho!
É fundamental a participação de todos nas comunidades locais, para ter oportunidade de dar opinião, de se expressar claramente, a favor ou contra, sobre temas estruturais da sociedade. Claramente para estar salvaguardada a manutenção dos direitos e liberdades. Isso inclui combater tentativas de censura, discriminação, e outras ameaças aos direitos humanos e civis. De que vale termos opinião se não a expressamos? Para que serviu afinal rasgar a ditadura? Claro que isso exige uma vigilância constante e portanto: dá trabalho!
A participação ativa na democracia não só fortalece o sistema político, mas também capacita os cidadãos, fomentando um forte sentido de nação e responsabilidade partilhada. Se, nós cidadãos, não modificarmos radicalmente a nossa forma de estar, os nossos políticos não vão mudar nem o país vai ser diferente.
Podemos continuar a ver os partidos políticos com olhos de adeptos de clubes de futebol, podemos continuar a evitar o trabalho que a democracia nos exige. Poder podemos, Mas Eu Não Faria ISso!
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